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'<p>Um <a href="http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/06/1645466-uma-em-cada-4-noticias-no-twitter-e-falsa.shtml" target="_blank">estudo apontou que quase um quarto</a> de tudo o que é publicado no Twitter é falso.</p><p>Alguns de meus alunos de jornalismo defenderam que isso é irrelevante, pois as pessoas sabem reconhecer uma notícia falsa de uma mentira ou de um exagero. Sabem de nada, inocentes.</p><p>Para mostrar como é fácil fazer uma boa notícia falsa batendo em alguém, produzi esse breve e básico manual (Pera! Pausa para a piada do internauta: “Ah, japonês, decidiu escrever sobre si mesmo, né?. Pausa para a risada: “Hehehe. Pronto, voltamos à nossa programação normal rs).</p><p>Por favor, não estou falando do Sensacionalista ou do Piauí Herald (#amo), mas de setores da esquerda e da direita partidárias, além de fundamentalistas e defensores do indefensável, que já adotam essas ações há muito tempo no intuito de confundir. Agora é a hora de vocês descobrirem como a máquina funciona.</p><p><strong>Como produzir notícias falsas e fazer sucesso na internet<br /></strong></p><p><strong>1) Onde escrever</strong></p><p>Comece criando uma página na rede com um nome que pareça o de um veículo jornalístico. Muitos leitores que se informam apenas pelo WhatsApp ou pelas redes sociais não fazem distinção entre o que vem da Folha de S.Paulo, de O Globo, da Carta Capital (vocês podem concordar ou não, mas são empresas conhecidas e podem ser processadas em caso de erro ou má fé) ou de qualquer coisa que possa ter sido criada minutos antes, como um “Diário do Amanhã ou um “Notícia Expressa.</p><p>Daí, se a página será anônima ou se estará hospedada no Casaquistão depende do que você tiver para esconder e do quanto pretende bater nas pessoas e em instituições a ponto de ser processado.</p><p><strong>2) Título</strong></p><p>Comece fazendo um título bombástico. Isso mesmo: aquela ideia de que o título é decorrência do texto não vale aqui. Um exemplo, usando a rainha Elsa, de Frozen (#adoro):</p><p><strong>Você não vai acreditar nisso! Rainha Elsa é envolvida em escândalo do gelo na Noruega</strong></p><p>OK, mas você pode ir mais fundo. O título não precisa ser verdadeiro, desde que chame a atenção do público e jogue dúvida sobre o seu alvo. “Ah, mas os leitores vão cair nessa?</p><p>A graça da coisa é que você não precisa se preocupar com isso. O importante é colocar uma pulga atrás da orelha do internauta, que vai passar a encarar o seu alvo (pessoa, instituição, ideia) de uma forma diferente dali em diante.</p><p>O leitor médio brasileiro não diferencia uma fonte confiável de uma que não é. Nem mesmo sente falta delas em um texto de denúncia. Para ele, a validação do texto está, em boa parte das vezes, no próprio texto. Se a “notícia lhe parecer factível e for ao encontro de sua visão de mundo (muita gente não admite consumir informações que contestem sua visão de mundo), ele absorve aquilo, forma a opinião e passa o conteúdo adiante.</p><p>E, afinal de contas, alguém vai se dignar a checar alguma coisa?</p><p><strong>Rainha Elsa é acusada de desviar gelo que iria para a merenda de crianças pobres</strong></p><p>Tente reunir no título um elemento que fomente ódio contra o seu alvo junto ao público de forma imediata (corrupção, pedofilia, assassinato de idosos, furto de bebês, o Corinthians…). Se der para colocar mais de um então, será a glória. Seja assertivo, demonstre certeza, não importa o quão ridículo seja essa associação. Você pode até rir da sua obra-prima ao final, mas o público levará a sério.</p><p><strong>Rainha Elsa, envolvida em corrupção, também é acusada de incesto com a própria irmã</strong></p><p>E tente seguir a fórmula “sujeito – verbo – predicado. Quanto mais parecido com uma estrutura de manchete de fácil digestão, voltado para a massa (tipo Jornal Nacional), melhor.</p><p><strong>Castelo da Rainha Elsa foi erguido com escravos suecos e cubanos</strong></p><p><strong>3) Foto</strong></p><p>Escolha uma boa foto do seu alvo. Vá até o Google e pegue uma que possa ser usada no contexto que você criou. Corte, edite, transforme, não importa – o Photoshop está aí para isso mesmo. Mas faça a imagem comprovar o que você alertou no título. E use uma legenda para explicitar o novo significado que você queira dar a ela e conduzir o leitor para onde quiser.</p><div id="attachment_25357" style="width: 610px" class="wp-caption aligncenter"><a href="http://imguol.com/blogs/61/files/2015/06/elsa2.jpg"><img class="wp-image-25357 size-full" src="http://imguol.com/blogs/61/files/2015/06/elsa2.jpg" alt="Elsa e o castelo superfaturado: luxo sustentado pelo desvio de gelo que iria para a merenda de crianças pobres da periferia de Arendelle" width="600" height="367" /></a><p class="wp-caption-text">Elsa e o castelo superfaturado: luxo sustentado pelo desvio de gelo que iria para a merenda de crianças pobres da periferia de Arendelle</p></div><p>Descontextualize a imagem original. Alguns jornalistas, políticos e empresários fazem isso há tempos: torturam fotos a serviço da tese que estão defendendo. Por que o restante dos cidadãos também não poderia?</p><p>A foto abaixo é fruto de uma brincadeira nos Estados Unidos com o personagem da Disney. Não é real – em nenhum sentido possível. Mas, não importa, cabe feito uma luva:</p><div id="attachment_25358" style="width: 510px" class="wp-caption aligncenter"><a href="http://imguol.com/blogs/61/files/2015/06/elsa1.jpg"><img class="size-full wp-image-25358" src="http://imguol.com/blogs/61/files/2015/06/elsa1.jpg" alt="Rainha Elsa é presa pela Operação Uísque Caubói da Polícia Federal" width="500" height="441" /></a><p class="wp-caption-text">Rainha Elsa é presa pela Operação Uísque Caubói da Polícia Federal</p></div><p><strong>4) Texto</strong></p><p>Tenha o cuidado de não cometer erros de gramática e ortografia. Vale lembrar, como dito acima, que o conteúdo dessas “matérias não são ratificados por fontes de informação confiáveis. A credibilidade é dada pelo próprio texto, o que inclui o seu nível de correção ortográfica e gramatical. Sim, a forma é conteúdo.</p><p>“Claro que esse texto sobre a Elsa diz a verdade! Olha como ele é bem escrito!</p><p>Escreva um texto curto. Não precisa ser genial, pelo contrário: deve que ser simples para poder ser compreendido por um maior número de pessoas e usar alguns códigos do jornalismo. Comece-o com um lide (parágrafo inicial de muitos textos noticiosos, que traz a informação mais relevante do texto, respondendo – de forma objetiva – indagações como quem, quando, onde, por que, o que e como. Crie um histórico das sacanagens anteriores do seu algo – não importa se não mentiras, o que importa é que você faça o histórico. A partir daí, pode lascar opinião.</p><p>Muita gente não faz diferença alguma entre um texto opinativo e um narrativo. No jornalismo, os dois têm seu valor, mas informação precede opinião em casos de denúncias – o que, não raro, parece passar despercebido entre muitos dos que defendem ou criticam, por exemplo, o governo Dilma, o governo Alckmin ou o reinado de Elsa. Então, opine à vontade e não se preocupe com muitos dados. Na dúvida, invente.</p><p>Se puder, coloque links que mandam para outros sites. Hiperlinks, mesmo que não conectem a nenhuma nova informação, têm um efeito de respaldo: “olha, não sou só eu que digo isso, mas outros também. Um link, por exemplo, que mostra que a gestão de Elsa fechou um contrato gigante de fornecimento de gelo pode ser muito útil. Não importa se o contrato estava legalmente correto, o que importa é inserir uma dúvida.</p><p>O ideal é que você produza vários sites com variações do mesmo texto, um se referindo a outro. Isso dá a impressão de que há um rosário de veículos tratando do mesmo assunto, como se fosse o tema do momento. Percebeu? Um discurso não legitimado necessariamente pelos fatos, mas por outros discursos, em uma teia sem fim, sustentada por coisa alguma. Pós-moderno demais? Desculpe, é a internet.</p><p>Como uma cebola: quem nunca a viu, acha que é algo suculento, como uma maçã ou um abacate. Mas, retirando camada por camada, você percebe que, lá dentro, só tem vento.</p><p>E lembre-se: pouca gente lê textos na internet. Olham títulos, veem fotos, claro, mas apenas checam se há um texto explicando tudo, sem necessariamente lê-lo. Como disse no início, um bom título e foto é que levam a compartilhamentos, retuítes e likes, ou seja, à disseminação e validação coletiva. Quanto mais perfis falsos ou verdadeiros de Facebook, Twitter e Instagram você tiver para o serviço, melhor. Coloque todos para curtir os textos divulgados e sugeri-los a amigos, fazendo a roda viva girar.</p><p>Daí é só correr para o abraço.</p><p>E assistir, de camarote, como a população – que sabe escolher entre um alface bom e um ruim na feira, mas não foi educada (e isso deveria fazer parte do currículo escolar) para identificar o que é uma notícia e um argumento falsos, seja com viés de esquerda ou de direita – devora a si mesma. E o próprio futuro.</p>' .
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